Estratégias para atrair talento dominaram o primeiro Conselho Consultivo do DER
Os recursos minerais e energéticos são centrais nas transições energética e digital em curso: essa deve ser a chave para atrair mais estudantes para o curso de Engenharia de Minas e Recursos Energéticos.
Comunicar mais para atrair talento para a engenharia de recursos minerais e energéticos esteve no centro do primeiro Conselho Consultivo do Departamento de Engenharia de Recursos Minerais e Energéticos – DER do Instituto Superior Técnico (IST). Presidido por Rogério Colaço – presidente do IST e, interinamente, do próprio DER – o Conselho Consultivo do DER contou com a participação de representantes da indústria, um membro do Governo e ex-governantes, especialistas internacionais, docentes do departamento e ex-alunos.
“Se a Engenharia de Recursos Minerais e Energéticos não atrair talento, não vamos ter indústria: e Portugal e o mundo precisam de indústria para se desenvolverem e fazerem as transições energética e digital”, afirmou Maria João Pereira, secretária de Estado da Energia e, até março de 2024, presidente do DER.
O grande desafio para o DER nos próximos tempos vai ser, segundo Gustavo Paneiro, seu vice-presidente, “encontrar estratégias colaborativas entre a Academia e a indústria para atrair jovem talento para setores que são centrais no ciclo de desenvolvimento das próximas décadas”. A geóloga Ana Carina Veríssimo considerou que o problema está em “os estudantes não verem todas as oportunidades profissionais que a formação em Engenharia de Minas e Recursos Energéticos lhes dá”.
Ou seja, sintetizou Aurela Shitza, diretora para os assuntos industriais da Industrial Minerals Association (IMA) – Europe, “é necessário traduzir a linguagem técnica própria da Academia e da indústria para uma linguagem que os jovens do ensino secundário possam compreender”. António Costa Silva, ex-ministro da Economia, afirmou que, na sua opinião, esse esforço de tradução para os mais jovens passa por lhes “explicar a importância da engenharia de recursos minerais e energéticos para a sustentabilidade do planeta” e para o combate às alterações climáticas: “Temos de comunicar uma forte experiência digital, temos de comunicar os desafios da eletrificação e da transição energética”, afirmou António Costa Silva.
“É preciso mostrar que o nosso setor é importante”, sublinhou Maria João Pereira: “As pessoas não sabem...”. O presidente do IST, Rogério Colaço conclui que “se não arranjarmos soluções para isso, mais ninguém arranja”.
Na apresentação do setor Amélia Dionísio, vice-presidente do DER, sublinhou que Portugal “tem alguns metais críticos para a transição energética e tecnológica”. Emanuel Proença, CEO da Savannah, aempresa que está a desenvolver o projeto de lítio na mina do Barroso, em Boticas, afirmou que a publicidade a essas matérias-primas do país é fundamental, “uma vez que as novas gerações estão desejosas de ação”. Segundo Emanuel Proença, a mensagem a passar é: “Venham trabalhar connosco no terreno para transformarem a realidade” através da transição energética e digital. Sobre esse ponto, Nuno Ribeiro da Silva, ex-secretário de Estado da Energia, já tinha afirmado que Portugal está a viver “um momento histórico”, uma vez que, pela primeira vez na sua história, “está a conseguir construir a sua própria autonomia energética na revolução económica em curso”